a

Estação da Luz. São Paulo, novembre  2007. Foto: Joan Navarro

[EDUARDO LACERDA

 

 

 

Aceno

Senyal

Señal

 

 

Por um fio

Per un fil

Por un hilo

 

 

 

 

 

Aceno

Como

um equipamento

que

 

funciona, mas

apresenta

 

defeito

 

em

algum momento

escolhi como gesto

algo entre

a dúvida

 

e o excesso.

 

/ se dou-me meio abraço,

  

   (pois é isso o que faço:

    passo meu braço direito

    pelo meu peito

 

    e toco meu ombro

    esquerdo.)

 

o meu reflexo

  quando me toco

  e me chamo

 

  é olhar para o outro lado.

 

  E se me ignoro, quando me chamo

 

  quando toco meu ombro

 

  como a aparelho

  para que

  pegue 

 

  no tranco

 

  soco-me para que aceite

 

  o meu afago.

 

  Não funciona.

 

  Dar de ombros é

  o meu aceno.

 

 

Por um fio

para Aline

 

Esta pálpebra revela,

quando se fecha, que se

ajoelha ao que deseja

e se curva ao que espera.

 

Ela não vê, está cega.

 

Ainda que esfregue

os olhos, ela mesma

 

não se enxerga.

 

E esconde de sua retina

que se arregala,

 

e brilha (como cortina

que uma festa encerra)

 

tudo aquilo

 

ao que se destina.

 

O seu destino.

 

Ela está presa, pele

cárcere que repete

 

Sísifo.

 

Carrega em sua cabeça

cada peça do que pede,

tímida como quem reza.

 

Cruza os dedos, arranca os cílios.

 

Ela realizará à força

o que é pedido,

 

mas parece promessa.

 

Chora?

 

É um cisco.

 

 

Eduardo Lacerda, Porto Alegre, 1982. Poeta graduando em Letras pela Universidade de São Paulo e co-editor do jornal de literatura contemporânea O Casulo. Trabalha como produtor de eventos culturais, como saraus, recitais e lançamentos. Tem poemas publicados em revistas literárias como Entrelivros, Mirante, FNX e A Cigarra e em sites como Germina Literatura, Cronópios, Vagalume.

 

Ŵ

Senyal

Com

un equip

que

 

funciona, però

mostra

 

un defecte

 

en

algun moment

vaig escollir com a gest

quelcom entre

el dubte

 

i l’excés. 

 

/ si em done mitja abraçada,

 

  (perquè és això el que faig:

    passe el meu braç dret 

    pel meu pit

 

    i toque el meu muscle

    esquerre.)

el meu reflex

     quan em toque

     i em cride

 

     és mirar cap a un altre costat.

 

     I si m’ignore, quan em cride

 

     quan toque el meu muscle

 

      com a l’aparell

      perquè

      funcione

 

      en l’empenta

 

      em colpege perquè accepte

 

      la meua carícia.

 

      No funciona.

 

      Arronsar els muscles és

      el meu senyal.

 

 

Per un fil

per a Aline

 

Aquesta parpella revela,

quan es tanca, que se

sotmet a allò que desitja

i s’inclina a allò que espera.

 

Ella no s’hi veu, està cega.

 

Encara que es fregue

els ulls, ella mateixa

 

no es veu.

 

I amaga de la seua retina

que s’esbatana,

 

i brilla (com teló

que una festa conté)

 

tot allò

 

al que es destina.

 

El seu destí.

 

Ella està presa, pell

presó que repeteix

 

Sísif.

 

Carrega en el  seu cap

cada peça del que demana,

tímida com qui resa.

 

Creua els dits, arranca les pestanyes.

 

Ella realitzarà a la força

el que ha estat demanat,

 

però sembla una promesa.

 

¿Plora?

 

És una brossa.

 

 

Eduardo Lacerda, Porto Alegre, 1982. Poeta llicenciat en Lletres per la Universitat de São Paulo i coeditor d’O Casulo - Jornal de literatura contemporânea. Treballa com a productor d’esdeveniments culturals, com tertúlies literàries, recitals i llançaments. Té poemes publicats en revistes literàries com Entrelivros, Mirante, FNX i A Cigarra i en sites com Germina Literatura, Cronópios, Vagalume.

 

[Traducció de Joan Navarro

 

Ŵ

Señal

Como

un equipo

que

 

funciona, pero

muestra

 

un defecto

 

en

algún momento

escogí como gesto

algo entre

la duda

 

y el exceso.

 

/ si me doy medio abrazo,

 

  (pues es eso lo que hago:

    paso mi brazo derecho

    por mi pecho

 

    y toco mi hombro

    izquierdo.)

 

mi reflejo

     cuando me toco

     y me llamo

 

     es mirar para otro lado.

 

     Y si me ignoro, cuando me llamo

 

     cuando toco mi hombro

 

      como al aparato

      para que

      funcione

 

     en la sacudida

 

      me golpeo para que acepte

 

      mi caricia.

 

      No funciona.

 

      Encoger los hombros es

      mi señal.

 

 

Por un hilo

para Aline

 

Este párpado revela,

cuando se cierra, que se

somete a lo que desea

y se inclina a lo que espera.

 

Ella no ve, está ciega.

 

Aunque se frote

los ojos, ella misma

 

no se ve.

 

Y esconde de su retina

que se desencaja,

 

y brilla (como telón

que una fiesta encierra)

 

todo aquello

 

a lo que se destina.

 

Su destino.

 

Ella está presa, piel

cárcel que repite

 

Sísifo.

 

Carga en su cabeza

cada pieza de lo que pide,

tímida como quien reza.

 

Cruza los dedos, arranca las pestañas.

 

Ella realizará a la fuerza

lo que ha sido pedido,

 

pero parece una promesa.

 

¿Llora?

 

Es una mota.

 

 

Eduardo Lacerda, Porto Alegre, 1982. Poeta licenciado en Letras por la Universidad de São Paulo y coeditor de O Casulo - Jornal de literatura contemporânea. Trabaja como productor de eventos culturales, como tertulias literarias, recitales y lanzamientos. Tiene poemas publicados en revistas literarias como Entrelivros, Mirante, FNX y A Cigarra y en sites como Germina Literatura, Cronópios, Vagalume.

 

[Traducció de Joan Navarro

 

Ŵ

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