paul

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[Anton Jurebie]

 

 

 

HOWL

 

intr-o zi ca aceasta

s-a intors pe neasteptate

ingerul meu,

am simtit o ghiara de tigru

pe umar

Anton Jurebie

 

 


HOWL

 

en un dia com aquest

ha tornat de sobte

el meu àngel,

he sentit les urpes de tigre

al muscle.

 

[Traducció: Pere Bessó]

 GEOGRAFIA


O mais ignoto interior de Madagáscar,
florestas do Ceilão, cúpulas remotas
do mais remoto Iêmen, canções
dos pássaros de Papua, segredos
do vento em Singapura, sinos
de aldeias da Iugoslávia, nada
chega a fazer-me mágoa
por não haver viajado,
por não poder viajar.
As ilhas Seychelles são aqui,
dentro de mim, não além.
Afago em imaginação
o panda, as flores absurdas
de uma selva das Guianas
e, a um milímetro do real,
sob meu corpo exíguo
e minha exígua geografia,
urram tigres do Paquistão.
O conhecido, em verdade,
nunca se dá a conhecer
senão ao erro vicioso
que o crê capturado.
Aqui é o Nepal. A noite
da rua Trajano Machado
é hierática, indevassa
como a noite só suposta
das ruas de Adis-Abeba.
Estou sozinho e encerrado
dentro do pasmo de tudo
aqui como na Indonésia.
E nunca haverá outro mundo
mais impossível, encantado
que o sonhado por meus olhos
de menino arcaico
num quintal com pomar
da Antônio Sabino, 532,
de onde nunca emergi.

(do Caderno Provinciano, meu livro de poesia, Patuá;SP, 2013)

 

 

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