Uma cama pra ninar teus colapsos

 

você é o sonho dentro do sonho

uma pérola te cuspiu depois de uma viagem de ácido

Banido dos alarmes

não pode contrabandear usinas internas

e maquiar formigas

Teu lençol canonizado é a casa dos aflitos

Bebem da tua cicuta os desavisados

exalam da tua doçura uma espécie de ferida

e fazem da tua língua uma lança

 

Caem na tua cilada os lascivos

e eu que não sou diferente, decorei os passos até o oráculo

fui tomada por um êxtase cego

Contornando fantasias de tigres com os cílios

enquanto as aves de rapina te observam

envenenando a gravidade dos meus sonhos

Me preparo para o próximo salto

nas escadarias da saída de emergência

Não finjo indiferença

prolongo a tessitura solar

com devoção maníaca

é o que me restou de essência

pra te cantarolar as delicias terríficas

enquanto você deita no colo da tempestade

pra parar de me sonhar

 

 

[Rita Medusa]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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